terça-feira, abril 18, 2006
Desde manhã que me têm perguntado se estou bem, que aparento estar em baixo. Eu respondo que não sei porque dizem isso, mas que deve ser cansaço.
Às vezes faço de psicanalista de mim, e como minha psicanalista também me digo – tu não andas bem. (Vá podem chamar-me maluca que eu não me importo)
Em jeito de maluca a sério, muitas vezes falo comigo e faço o papel de ouvinte também, e tal como se estivesse de fora digo coisas a mim, coisas que me têm ajudado e dado muita força para enfrentar as adversidades da vida, bom, a adversidade que tem sido a minha vida, para ser correcta.
Só que agora, agora que as coisas até andam a correr bem chego à conclusão que se calhar não sei lidar com isto. Não sei lidar com certos sentimentos, com a calma, com a estabilidade e sei lá mais o quê daquelas coisas que todos queremos e que eu tanto disse tantas vezes que era o que muito provavelmente eu precisava e o camandro.
Pois.
A verdade é que eu ainda estou um tanto assustada. Eu tento, mas ainda estou de tal maneira na defensiva que muitas vezes, fecho-me e pronto, como se o meu trintage me tivesse feito um mal abismal quando é uma coisa de menor. Fecho-me. Pronto, fecho-me.
Depois, depois lá vem ele com o seu olhar meiguinho e com toda a paciência do mundo fazer-me uma festa e pedir um mimo e eu... continuo fechada e a enxotar.
Fechada. A achar que se me abrir, se escancarar o meu peito vou ser atingida por algum raio de malvadez vindo não sei de onde. Nessas alturas não sinto nada, só sinto que tenho de me defender, de me defender muito antes que seja pisada, antes que seja magoada. E nem vejo nada, nem para olhar para quem está ali, ao meu lado.
Finalmente acalmo e percebo que me estou a fechar, que estou a ter reacções defensivas e a fazer tempestades em copos d’água. Percebo que tudo acontece porque não baixei as defesas e ajo sem pensar.
Depois fico em baixo, abatida. Entendo que a batalha que tenho de travar é contra mim.
Não é que eu tenha dúvidas. Eu sinto o amor que ele me tem.
A parte mais complicada é estar sempre desconfiada que aquele dia que esta a correr tão bem vai acabar mal, e depois, acaba como começou – ou bem ou ainda melhor. É estar desconfiada que por trás daquilo deve existir alguma coisa má, ou alguma intenção obscura ou algo que cheira a esturro – e depois não cheira nada a esturro e até está tudo bem.
Eu não posso dizer que tudo na minha vida tem sido mau. Com muita luta, é certo, mas sempre para melhor. Pronto, nestes últimos meses para ainda melhor. Em cima da estabilidade adquirida, ainda veio a estabilidade emocional.
Pois.
E perguntam-me porque estou abatida?
Pois. Não sei.
Sinto-me um tanto perdida. É isso, sinto-me um bocado sem norte.
As coisas mudaram. Tenho estabilidade. Um homem que me ama. Não me falta nada. É como já tinha dito. Se me dissessem para pedir alguma coisa à vida eu não saberia o que lhe pedir, não me falta nada. (prontus, talvez o euromilhões…) Mas as coisas mudaram de tal forma…. Sei lá.
Se calhar é isso que me falta. Adaptação.
Ou talvez apenas me falte um dia de sol para fazer a fotossíntese. Quem sabe…
Que mania esta de certas pessoas olharem para nós e acharem coisas, não é?
 
posted by Aragana at 3:49 da tarde |


12 Comments:


At abril 18, 2006 4:39 da tarde, Anonymous Anónimo

Entendo-te porque entendo a minha namorada, entendo-o (o teu trintage) porque passo exactamente pelo mesmo!

A tua auto-crítica e essas conversas interiores estão constantemente a colocar pontos de interrogação em tudo, principalmente quando é coisa boa, pois em caso contrário sai logo um "afinal eu tinha razão" ou coisa do género ;)

E digo-te... não mudes, vocês são lindas assim, o serem assim faz com que tenhamos de lutar por vós toda a vida independentemente de sabermos do amor que se encontra em ambos os corações!

Talvez nem nunca venhas a conseguir lidar com algo aparentemente tão perfeito, terás sempre um pé atrás, mas como tudo na vida são momentos, simplesmente... disfruta-os!

Um beijinho e obrigado por nos escreveres

 

At abril 18, 2006 4:43 da tarde, Anonymous Anónimo

O facto de estares na defensiva é normal e como dizes é uma luta que tens de travar, dentro de ti e não contra ti. Quanto à razão desse abatimento pode ser um simples cansaço psicológico pois as batalhas que travas dentro de ti também cansam (e lá estou eu a achar coisas, não é). O facto é que as mudanças, mesmos as boas, deixam marcas. Xicoração grande.

 

At abril 18, 2006 4:51 da tarde, Blogger Amanda

pois olha: eu olho p'ra ti e vejo-te bem!!! faz lá a fotossintese que vem aí o sol! e não te esqueças de viver cada dia o melhor possível! Beijos

 

At abril 18, 2006 5:04 da tarde, Blogger anapaula

Suponho que não é nada do outro mundo. quando não estamos habituados a que as coisas corram bem... parece q estamos sp à espreita pra ver onde tá a coisa má.

Eu que não percebo nada destas coisas axo q o q te falta é hábito, habituação, continuação, essas coisas. Até que acabas por perceber q atrás de um dia excelente vem outro tb excelente.

Linda, é n é nada do outro mundo estares um bocado desconfiada da vida. Mas acho que a fotossíntese neste final de inverno-transição pro verão também não te faria nada mal.

Beijocas

 

At abril 18, 2006 5:29 da tarde, Blogger Choninha

Aragana, fazes muito bem em fazer essas introspecções, só assim consegues assimilar a tua nova vida. Pareces-me ser uma grande mulher, pelo que já li no teu blogue, não viras a cara à luta. Se calhar não te achas merecedora de tanta felicidade. Pois digo-te eu, mereces isso e muito mais. Assim que venha o sol agarra no trintage e façam uma linda fotossíntese.

 

At abril 18, 2006 5:44 da tarde, Blogger Amaral

Se me deixares dizer duas palavras, ousaria afirmar que isso acontece quando temos um "brinquedo" há muito cobiçado, à frente das mãos, tentamos agarrá-lo e há qualquer coisa que nos bloqueia os movimentos e não conseguimos abraçá-lo.
Aparentemente, conseguiste uma segurança que ambicionavas, mas mantiveste recalcados certos sentimentos, sem que os tivesses aceitado e, ou, perdoado… Por isso te sentes assustada, e a tranquilidade ainda cria um conflito interior que não foi solucionado pelo teu "eu"...
No teu percurso, não podes esquecer um pormenor: o reencontro contigo, com a criança que há em ti, a confiança e a aceitação. Enquanto não te aceitares no bom e no mau e não reconheceres, em consciência, que estás a viver a liberdade da vida com a tua verdade interior - toda e qualquer dúvida explode em conflito. Simplesmente, aceita que estás a viver o teu momento de felicidade. E multiplica-o em cada novo dia...

 

At abril 18, 2006 8:56 da tarde, Blogger JPS

Gata,

O Amaral já disse tudo!

Na realidade estiveste demasiado tempo em telhado de zinco quente e por isso agora estranhas. Isso tambem acontece comigo ás vezes. Por exemplo quando alguem me elogia a primeira coisa que penso é "está a gozar comigo" Cada vez mais esse pensamento desaparece mais rapidamente, mas ainda aparece.

Quanto ao comentário da Princesa Pluma no post anterior (O das amendoas: Um segundo na boca, uma vida no rabo) Óh minha amiga... Uma vida no teu rabo?? Tu come as amendoas todas do teu Trintage, moça! :D

 

At abril 18, 2006 10:32 da tarde, Blogger Lúcia Verde

"A verdade não faz tanto bem neste mundo como as suas aparências fazem mal"...boa semana!

 

At abril 18, 2006 11:30 da tarde, Anonymous Anónimo

Aragana fazes o seguinte quando isso te «der»:

1º sentas-te no chão e cruzas as pernas á chinês;

2º juntas as mãossss como se estivesses a rezar;

3º fechas os olhos;

4º fazes mmmmmmmmmm mmmmmmm mmmmm ou ahmmmmmmm ahmmmm ahmmmm

:D

Depois diz se funcionou ando há imenso tempo para testar isto que vim num filme ehehe ;)

Opaaaa se estás feliz...aproveita. Sem medos!!!!

beijos da Princesa

 

At abril 18, 2006 11:53 da tarde, Blogger BÓLICE

Olha Xoninha... Ela sabe e diz-Te o bem dito.
BJk inté

 

At abril 20, 2006 5:13 da tarde, Blogger Alien David Sousa

Sabes o que eu costumo dizer aos terrestres?: Eu não tenho problemas, tenho UM PROBLEMA, a minha vida!;)

 

At abril 22, 2006 9:29 da tarde, Blogger S. C. R.

Neste momento eu ainda estou a lutar para me endireitar da ultima e enorme desilusao. Nao esta facil... mas eu sei que vou conseguir. Um dia vou voltar a sorrir como antes!