Às vezes faço de psicanalista de mim, e como minha psicanalista também me digo – tu não andas bem. (Vá podem chamar-me maluca que eu não me importo)
Em jeito de maluca a sério, muitas vezes falo comigo e faço o papel de ouvinte também, e tal como se estivesse de fora digo coisas a mim, coisas que me têm ajudado e dado muita força para enfrentar as adversidades da vida, bom, a adversidade que tem sido a minha vida, para ser correcta.
Só que agora, agora que as coisas até andam a correr bem chego à conclusão que se calhar não sei lidar com isto. Não sei lidar com certos sentimentos, com a calma, com a estabilidade e sei lá mais o quê daquelas coisas que todos queremos e que eu tanto disse tantas vezes que era o que muito provavelmente eu precisava e o camandro.
Pois.
A verdade é que eu ainda estou um tanto assustada. Eu tento, mas ainda estou de tal maneira na defensiva que muitas vezes, fecho-me e pronto, como se o meu trintage me tivesse feito um mal abismal quando é uma coisa de menor. Fecho-me. Pronto, fecho-me.
Depois, depois lá vem ele com o seu olhar meiguinho e com toda a paciência do mundo fazer-me uma festa e pedir um mimo e eu... continuo fechada e a enxotar.
Fechada. A achar que se me abrir, se escancarar o meu peito vou ser atingida por algum raio de malvadez vindo não sei de onde. Nessas alturas não sinto nada, só sinto que tenho de me defender, de me defender muito antes que seja pisada, antes que seja magoada. E nem vejo nada, nem para olhar para quem está ali, ao meu lado.
Finalmente acalmo e percebo que me estou a fechar, que estou a ter reacções defensivas e a fazer tempestades em copos d’água. Percebo que tudo acontece porque não baixei as defesas e ajo sem pensar.
Depois fico em baixo, abatida. Entendo que a batalha que tenho de travar é contra mim.
Não é que eu tenha dúvidas. Eu sinto o amor que ele me tem.
A parte mais complicada é estar sempre desconfiada que aquele dia que esta a correr tão bem vai acabar mal, e depois, acaba como começou – ou bem ou ainda melhor. É estar desconfiada que por trás daquilo deve existir alguma coisa má, ou alguma intenção obscura ou algo que cheira a esturro – e depois não cheira nada a esturro e até está tudo bem.
Eu não posso dizer que tudo na minha vida tem sido mau. Com muita luta, é certo, mas sempre para melhor. Pronto, nestes últimos meses para ainda melhor. Em cima da estabilidade adquirida, ainda veio a estabilidade emocional.
Pois.
E perguntam-me porque estou abatida?
Pois. Não sei.
Sinto-me um tanto perdida. É isso, sinto-me um bocado sem norte.
As coisas mudaram. Tenho estabilidade. Um homem que me ama. Não me falta nada. É como já tinha dito. Se me dissessem para pedir alguma coisa à vida eu não saberia o que lhe pedir, não me falta nada. (prontus, talvez o euromilhões…) Mas as coisas mudaram de tal forma…. Sei lá.
Se calhar é isso que me falta. Adaptação.
Ou talvez apenas me falte um dia de sol para fazer a fotossíntese. Quem sabe…
Que mania esta de certas pessoas olharem para nós e acharem coisas, não é?