terça-feira, agosto 08, 2006
Uma conversa de hoje da minha box lembrou-me de partilhar convosco uma história da minha adolescência.
Quando somos adolescentes, gostamos de experimentar tudo, é esse o objectivo da coisa, se assim não fosse, a fase perdia a piada toda.
Já somos muito adultos e conscientes e sabemos sempre o que estamos a fazer. É tudo urgente e simples e complicado e tudo é sentido com o coração a mil à hora como se fosse saltar pela boca.
Ah… também se gosta de desafiar e provocar.
...

Tinha eu 16 anos quando fui passar a noite a casa de uma amiga para fazermos um trabalho de grupo. Ao todo éramos 4. Trabalhámos bem, pesquisámos todas as enciclopédias que tínhamos encontrado sobre o tema, transcrevemos textos (uma de nós era a escriturária para que o trabalho ficasse todo com a mesma letra), compilamos informação e seleccionámos fotos para fotocopiar no dia seguinte e que ficassem visíveis a preto e branco. Já a noite ia longa quando terminámos o trabalho.
Como também não podíamos fazer muito barulho e tínhamos de dar a entender que já dormíamos, acendemos uma vela, fumámos um cigarro à janela e sentamo-nos em círculo a fazer inconfidências por entre risos abafados.
O ambiente chamava o assunto. De pijama, com as nossas sombras a percorrer as paredes de cores laranja amarelado pela chama da vela, e com aquelas caras fantasmagóricas de sono, a Fi diz:
- Vamos contar histórias de espíritos… alguém sabe?
- Eu cá tenho imenso medo dessas coisas
– reclama a Ana.
- Bora nessa. Eu não acredito nada nessas cenas mas curto bué! – digo eu toda entusiasmada. (a gente falava assim)
- Ya, começo eu! Eu sei uma bué de gira! – diz a Vera inclinando-se um pouco para a frente.
A Ana continuava a reclamar – Mas eu depois não consigo dormir… - enquanto tentava esboçar uma beiça.
- Cala-te e deixa ouvir... és mesmo cortes! – retorquiu a Fi ao mesmo tempo que dava uma safanão no ombro da Ana.
A Vera meteu uma cara séria e começou:
- Numa aldeia estava para começar um casamento. Quando a noiva chegou á Igreja o noivo ainda não tinha aparecido. Deixou-a no dia do casamento! Uma desgraça e uma vergonha! Ela com o desgosto, fugiu e correu para as matas e continuou a correr a foi rasgando o vestido e ficou toda arranhada…
- E depois? – Perguntou a Fi já com um brilhozinho dos olhos de entusiasmo.
-Depois de muito correr, encontrou uma estrada e começou a pedir boleia, mas ninguém lhe dava boleia, e ela começou a chorar e as lágrimas misturavam-se com o sangue dos arranhões. Mas ela continuou a pedir boleia até que…. Foi atropelada violentamente!
Estava tudo com cara de expectativa…
- E agora, o fantasma da noiva continua nessa estrada a pedir boleia, e sempre que alguém pára e ela entra dentro do carr…o PUM! Dá-se um acidente! É a vingança da noiva por ter morrido naquela estrada…
- ooooooohhhhhhhh…

- Agora já sabemos a causa dos acidentes na N125 – Digo eu já a rir-me.
- Não brinques com estas coisas Aragana, olha que depois és castigada – responde-me a Ana com uma cara de quem falta pouco para fugir dali.
- Vamos invocar aí um fantasma a ver se eles aparecem? Recortem letras e vamos usar um copo! Ãhm? – A Vera olha para nós com cara cúmplice de quem quer assustar a Ana.
- NÃO! – Diz a Ana.
Rapidamente desenhamos letras numa folha, recortamos e colocamos no chão e virámos um copo ao contrário. Uma palavra SIM e outra NÃO. Estava improvisado o jogo.
- Oh fantasma prrrreseeenteeeeeeeee! Tu, se nos ouves apareeeeecceeeeeeee…. – já a Vera está de braços esticados para cima e de olhos fechados. Com o ambiente da vela, era perfeito.
- Entes do aléeem, respondam se estão presentes… sim ou não!
De repente, abre-se a janela para trás com um vento forte, a vela apaga-se e desatamos todas a gritar!!!

Claro que depois foi complicado explicar-mos aos pais da Fi, porque é que tínhamos gritado e porque é que estávamos no chão, às escuras, agarradas umas às outras completamente apavoradas!

Nunca mais falámos no assunto. No entanto, isso não impediu que eu e a Fi, semanas mais tarde, fossemos fazer uma visita a uma casa supostamente assombrada! Apanhámos um valente susto. Nunca corri tanto na minha vida.

Mas essa história fica para outra vez!
 
posted by Aragana at 3:00 da tarde |


15 Comments:


At agosto 08, 2006 3:50 da tarde, Blogger cá-cá (Portugal)

Eu tb adoro essas histórias, qdo era mais nova tb tentámos isso do copo mas acho que a galhofa era demais para algum espirito nos ouvir!! Mas lembro-me que diziam 'tens que acreditar senão não dá'!! E eu fazia um esforço mas nunca aconteceu nada de especial!!

 

At agosto 08, 2006 3:50 da tarde, Blogger Blossom

Eu cá não tenho histórias nenhumas deste género, porque nunca fui dada a essas coisas. E porque não acredito nada nessas coisas de espíritos, tenho a dizer que o jogo da garrafa é sempre empurrado pelas vossas maozitas, apenas o vosso subsconsicente não deixa que voces se apercebam disso.

No entanto, gosto muito do tema, e adoro filmes de assombrações...

Fico à espera do outro episódio que tens para contar

(Hoje vou jantar aquele restaurante que tu tanto gostas aqui na Imbicta, eheh)

 

At agosto 08, 2006 4:03 da tarde, Blogger Stella

Eu tb quando era miuda fazia mt isso com as minhas amigas, invocar espiritos com o Weggy board, claro que ficavamos sempre todas acagaçadas, mas curtia mos um molho...e o copo mexe mesmo!! Agora sei é o pq...

Sera que da para fazermos isso online....

 

At agosto 08, 2006 4:27 da tarde, Blogger Tia Cremilde

acho que essas histórias têm presença obrigatória na nossa adolescência... e por mais assustador que seja, toda a gente para para as ouvir! lol...

 

At agosto 08, 2006 4:48 da tarde, Blogger 

:o

Bu!!!


;)


Abraço

gostei muito do que por aqui li...

 

At agosto 08, 2006 5:13 da tarde, Blogger BÓLICE

Uél! Aú du iÚ lârne tu spique déte inglixe sóu véri uél? Ai'me admaired uíde iÚ, litel garle!

Grunhhhfff gruhhmmhh gurmmmmhh

TKB (da il)

 

At agosto 08, 2006 5:26 da tarde, Blogger Nunovsky

Estou como a Blossom, historias dessas não as tenho o_O

Mas gostei de ler!

Beijos

 

At agosto 08, 2006 5:44 da tarde, Blogger Amanda

ai a menina até com as almas se mete! e depois não queria apanhar sustos!!! Beijos

 

At agosto 08, 2006 7:09 da tarde, Blogger saltapocinhas

como o teu nome não me era nada estranho, andei por aqui a cuscar o blog desde o início. E descobri que és a Aragana que eu conheço dos comentários do blog da Fernanda.
Não me lembro de aqui ter vindo nunca, mas como tu já mudaste de casa várias vezes, quem sabe!
Obrigda pela visita, espero que voltes mais vezes.
Por mim, vou voltar aqui...
E adorei a tua história de fantasmas: faz parte da adolescencia brincar com essas historias e depois não conseguir dormir de puro terror (confesso que nunca consegui que o copo se mexesse!!)

 

At agosto 08, 2006 7:43 da tarde, Blogger B.

Deve ter sido engracado para quem vos viu a correr! :D

 

At agosto 08, 2006 10:08 da tarde, Blogger Unknown

Sorri a ler a tua história porque embora nunca tivesse experimentado já ouvi tantas vezes essa história do copo...mas há quem garanta que os fantasmas estavam lá mesmo...aptece-me dizer" Eu não acredito em bruxas mas que as há há !
um abraço pouco fantasgómico rs
brisa de palavras

 

At agosto 08, 2006 10:58 da tarde, Anonymous Anónimo

Eu nunca expermentei essa do copo mas dizem que é mesmo verdade.
E não tenho historias dessas:)

 

At agosto 09, 2006 8:29 da manhã, Blogger Luis Carlos

Aragana,

Também tenho histórias dessas. Ainda por cima contadas pelos pais e familiares, numa aldeia que não tinha luz electrica, em que tudo o que era não explicável, era posto em termos de almas a vaguear por aqueles campos e grutas, moiras encantadas, homens que se transformam em gatos.....

Até já,
Luis

 

At agosto 09, 2006 12:18 da tarde, Anonymous Anónimo

Sou mais uma que "brinquei" aos espíritos... num anexo da casa de um amigo... eramos uns 10, com o abecedário escrito em papeis, um copo, uma mesa de 3 pernas virada ao contrário...confesso que sempre me custou a acreditar nessas coisas... mas a verdade é que apanhámos todos um valente susto naquele dia... Bolas!!!! Ainda hoje lembro-me da porcaria da mesa a "andar" sozinha.. Tempos de adolescente que, infelizmente, nunca mais voltam... ó! Beijos

 

At agosto 09, 2006 3:47 da tarde, Blogger Paula NoGuerra

Não é bem das "historias" que eu gosto pois acredito muito nessas coisas. Não se deve brincar com coisas serias.
O meu acreditar é mais para o positivo pois nao acredito no "mau". Ele para mim nao existe. Existe sim na cabeça das pessoas. Ate porque todos nos temos o nosso anjo da guarda desde que nascemos... talvez até já tenhas sentido isso e não queiras aceitar, mas é verdade.
O engraçado na tua historia é que a brincar se dizem as verdades.
Qdo somos "crianças" temos mais tendencia para a "espiritualidade" (nada a ver com religião... cruzes credo) e vamos perdendo isso com os anos por causa de como nos incutem todas as diferentes religiões. Somos corpo e alma e isso jamais poderemos separar. Hoje somos corpo ... amanha alma!
Lembra-te sempre disso!

Um abraço grande
Paula********