Para vos dizer a verdade, nunca ouvi nada de bem sobre a revolução dos cravos. Segundo os meus pais tudo serviu para tirar o poder de uns e dá-lo a outros, servindo assim os interesses de corrupção daqueles que não o usufruíam. Ao povo veio apenas trazer a tão afamada liberdade de expressão, ou seja, poder falar mal do governo e governantes sem ser preso pela PIDE. O resto, com a diferença de sem PIDE e com direito a voto e “parlépié” estamos na mesma ou pior (versão parental muito resumida).
Sempre tive as minhas dúvidas sobre estas questões, mas após alguma curiosidade, busca e algum envolvimento com politica, acabo sempre por quase concordar com os meus pais.
No final, temos um governo com palhaços (eu bem sei que não podia dizer isto antes da rev…) e alguns quadrúpedes que fazem o que querem e bem lhes apetece, não consultam ninguém. Corrupção é coisa que abunda. (Mas não tenho pejos a dizer – não fui eu que votei neles e muito menos que contribui para a sua maioria parlamentar! – mas tenho que me aguentar na mesma, né?)
De qualquer forma, não estava lá, não sei, não vivi no tempo da ditadura para saber mesmo, mesmo como é que era! (Sim, eu sou como o famoso São Tomé)
Hoje os sindicatos também já não fazem nada e vivemos no aperto das contas e do estilo de vida que nos concede o direito a sujeitar ao que o patrono quer. (E depois não querem que eu fale de cabalas...!)
Já os outros dizem – falam, falam, falam…
Neste anos de busca adolescente e procura por conhecimento sobre o antes e depois (busca pelo conhecimento da fé também), li o livro do padre comuna Mário de Oliveira – “Fátima Nunca mais” – que se revelou, para além de uma opinião contrária à geral da Igreja Católica, uma análise muito bem fundamentada, um livro de factos históricos e temporais que nos colocam no seio da época em que foi instaurado o Estado Novo, com Salazar e um dos seus grandes aliados, o Cardeal Cerejeira!
Quem não ouviu já falar que naquela altura o povo vivia de Fado, Futebol e Fátima?!
Mas porque estou eu a falar disto tudo?
Porque eu acho que continuamos a viver de manobras de diversão. Vivemos dos escândalos da primeira liga de futebol a alimentamos discussões uns com os outros. De telenovelas e séries juvenis que em nada, transmitem valores ou algum tipo de instrução ou conhecimento, dos sonhos e da ganância que “se outros têm eu também tenho de ter“ e… fazem-se créditos atrás de créditos.
Vive-se do já tão afamado lema “carpe diem”.
Mas… e o resto?
Que valores se transmitem aos adolescentes?
Cada vez menos interessados seja em que assunto que não seja Morangos, castings da TVI, cantores de bandas e beleza televisiva. Chegam aos 18 anos, ganham o direito ao acto cívico de votar e o que fazem com ele? Ou seguem o que lhes foi indicado por alguém, ou não fazem rigorosamente nada. Não se interessam, não percebem, não querem perceber. Para eles então, o 25 Abril é uma data tão longínqua como a passagem para a Índia de Bartolomeu Dias (e.. upa upa!).
(pausa)
Sinto-me muito feliz por pertencer à Geração Rasca (ou X), por ter saído à rua e chamado nomes bovinos à Manuela Ferreira leite. Por me ter manifestado, por me ter inteirado, por ter procurado os meus valores políticos e por consequência, sociais. Por saber o que faço quando me dirijo a uma mesa de voto. Por ter consciência que lobbies e das trapaças, da despesa pública e de muito mais.
Não, não são felizes os tolos e os ignorantes. São simplesmente isso – tolos. E o que fazemos todos em função disso? Fazemos o tal empréstimo para a viagem de sonho para as Maurícias e vivemos o lema em latim.
Quem vier atrás que feche a porta.