Pois eu digo que tem corrido muito pouca.
Ainda hoje li no DN Online “Há poucos alunos e nem os melhores são muito bons” – é a verdade, infelizmente, é a verdade.
Nos 12 anos que estive na escola poucos professores me marcaram pela positiva. São mais os que lembro por terem sido chanfrados, bêbados ou problemáticos do que os que me lembro por terem sido uns apaixonados pelo ensino. No entanto, não deixei de ser uma aluna acima da média. O pouco que se dava nas aulas assimilava e o que estudava em casa ficava latente também. No fundo, acho que o que sempre me safou foi a retórica sobre o conhecimento que adquiria.
Tive uma professora de português no 7.º ano que conseguiu apaixonar-me pela língua. Pela perfeição na escrita e na gramática. Ainda hoje me lembro de como me ensinou a diferença na aplicação do “tracinho SE” e os “dois esses” e mais alguns truques.
Também me lembro da professora de inglês do 9.º ano que tinha pavor de Satanás e do livro de S. Cipriano, cortava o cabelo sozinha e gabava-se dos penteados à pedrada que fazia e das grandes aulas sobre Herbalaife que nos dava. Ou mesmo da professora de Francês que afugentámos da escola (meteu baixa e estivemos 1 mês à espera de Prof.) após umas quantas vezes em que lhe relatámos as nossas aventuras imaginárias a apanhar ratos nas salas de aula. Do professor de matemática que dava aulas de costas para nós e falava numa versão da língua portuguesa que não entendíamos e de nada adiantava perguntar. Entre outras.
A minha Araganita mudou de professor. Agora na 2.ª classe tem uma professora que disse que vai ficar nos 3 anos que faltam da primária. Logo no segundo dia trouxe um recado que não tinha feito nada o dia todo. Fiz um grande discurso tipo bancada parlamentar chateada sobre responsabilidade e aprendizagem. Ainda lhe dei um castigo. Mas, fiz perguntas sobre a atitude da professora e fiquei muito intrigada pela situação.
Ela tem 7 anos, é uma criança como as outras. O ano passado teve um professor que a acompanhou, que disse que evoluía rapidamente, me deu os parabéns pela educação e acompanhamento que eu lhe dou e disse que era das melhores alunas que tinha. O professor fez um excelente trabalho com eles todos, tão bom que as outras professores transferiam os seus alunos mais problemáticos para a aula dele.
Tive muita pena quando ele não conseguiu a colocação.
Pelo que vou percebendo, agora veio uma professora desinteressada. Que passa as coisas no quadro e não vê se eles passam ou não. Se fazem não é importante, no final do dia passa recado aos pais. Pelos visto não ralha e após uma semana de aulas, a minha filha, em resposta á minha pergunta diária sobre “O que aprendeste hoje?” continua a responder “nada, fiz cópias…”.
Como a minha avó diz; “a procissão ainda vai no Adro”, mas é muito mau início. Muito mau presságio.
Vou continuar a fazer o meu papel e a incutir-lhe a responsabilidade a fazer com que entenda que tem de trabalhar e evoluir. Mas também vou estar atenta ao desempenho da professora e garanto, que vou expor o seu trabalho sempre que achar que não está a ser bem feito, entre outras coisas. Pode não dar em nada, como tudo neste país, posso até estar a fazer um juízo precipitado (e gostava que sim), mas já me estou a preparar!
Não concordo que os professores deviam de ser avaliados pelos pais, mas sou a favor de serem avaliados pelos aproveitamentos que as turmas obtêm! Afinal, nós todos somos avaliados pelo empenho e resultados que obtemos na nossa profissão, ou não? Eu sou! Sem resultados, não há palhaços!
Se lerem o artigo do link aí em cima podem constactar que um docente com 15 anos de serviço ganha o mesmo que o colega espanhol ou francês (contrariando os números salariais de todas as profissões face à UE!), por isso, não é por falta de salário que não trabalham!
Contudo, não vejo a maioria dos outros pais a partilharem o mesmo entusiasmo que eu na participação escolar e na evolução dos miúdos (devem de estar a pensar como vão pagar a viagem de sonho às Maurícias).
Vamos ver como corre o primeiro período. Vou estar atenta, muito atenta, ao trabalho de pelo menos uma docente!
Bom fim-de-semana!